quinta-feira, 9 de março de 2017

Que o que é do Outro, seja do Outro

Precisamos falar sobre amizade.
Pensei mil vezes antes de postar isso, pensei mesmo e muito, porque apesar desse blog não ser algo que divulgo por aí, me expor demais publicando textos sobre minhas experiências pessoais era algo que eu tinha resolvido deixar na adolescência. Mas concluí que é um ponto que preciso elaborar, preciso expor, preciso mesmo falar, pensar mais sobre isso e discutir o assunto. 
Todo mundo tem pelo menos uma melhor amiga na adolescência, eu tinha e era a melhor do mundo. Ela era inteligentíssima, linda, estava lá nos melhores e piores momentos. Nem sempre acertando, mas com certeza acertando mais do que errando. Ela, como toda adolescente (ou ser humano), tinha algumas inseguranças que foram construídas ao longo de sua história, apesar de ser uma das garotas mais fortes que já conheci, enfiaram na cabeça dela que ela não era suficiente,que ela não podia se amar, que seu corpo não era bom, que ela tinha que se esforçar mais para que alguém gostasse de sua aparência, tinha que atingir a perfeição. 
Enfiaram todos esses absurdos na cabeça dela, assim como enfiaram todos esses mesmos absurdos na minha cabeça.
Obviamente minha história é diferente da dela, assim como é diferente da história de cada ser humaninho existente nesse planeta. Eu fui bailarina uma parte de minha infância e início de adolescência, desde muito pequena sabia que não podia ser gorda, e que aumentar um quilo era sinônimo de desespero, isso ficava muito evidente observando as meninas mais velhas no ballet. Cresci vendo minha mãe, minhas avós, tias e primas fazendo dietas insanas, eu não entendia, mas era regra, virou regra na minha cabeça também. Eu era magra, muito magra e então entrei na puberdade.Nessa época eu brincava de boneca, eu assistia Sakura Card Captors, eu usava macacão e ralava meu joelho andando de patins e carrinho de rolimã com os meninos da rua. Quando menstruei tudo começou a mudar, meu corpo mudou, meu comportamento mudou, as pessoas mudaram na forma como me tratavam. Minha avó e minha mãe falavam o tempo todo sobre o quanto eu estava engordando, me comparavam a minha prima, diziam que eu tinha que comer menos massa, que tinha que comer mais salada, que tinha que parar de jantar... Eu costumava pesar 42kg, pulei para 48kg, eu tenho 1,68 de altura hoje, aos 12 anos não era muito mais baixa que isso. Eu sempre fui magra, mas eu nunca soube disso. 
Conheci essa minha amiga mais ou menos nessa época, eu via que na família dela a coisa era bem parecida, eles diziam que ela estava gorda, que isso era algo horrível, e todo aquele blá,blá,blá que eu ouvia lá em casa. Eu não achava estranho, eu achava bem normal, eu ouvia isso, ela ouvia isso, provavelmente todas as minhas amigas ouviam isso. 
Certa vez fui pra praia com a família dela e parecia que os comentários se tornavam mais frequentes naquele lugar. Eu sempre tive as pernas muito finas e um pouco de gordura localizada na região do quadril, um dia voltando da praia o pai dessa minha amiga comentou que eu deveria pegar essas gordurinhas do quadril e passar para as pernas, disse isso como piada e todos riram, inclusive eu, mas no fundo estava morrendo de vergonha por ele ter reparado naquelas gordurinhas, que eu tanto fazia para esconder, e apontado para que todos vissem. 
Outra vez fui ao shopping com essa amiga e vi um short que gostei demais, não tinha meu número, então peguei um que era dois números maior pensando em pedir para minha avó ajustar. Fomos para a minha casa e, antes de pedir para que fizesse o tal ajuste,minha avó viu o short, olhou a numeração e se espantou "Como você compra um short desse tamanho? Você tá gordinha, mas nem tanto!" acontece que o tamanho era o que essa amiga usava, eu vi na cara dela que foi constrangedor, então disse que o tal short servia bem pra mim e deixei por isso mesmo, senti vergonha pelo comentário da minha avó, senti isso porque essa amiga tinha passado a tarde me falando sobre o quanto sofria com os comentários de sua própria família.
As coisas seguiram da mesma forma, no colégio a gente se reunia no banheiro após o almoço e olhávamos no espelho. Olhar no espelho era terrível, a imperfeição era ainda mais notável quando estávamos em grupo, logo uma de nós lembrava do mantra que o mundo nos ensinou e comentava "Nossa!Eu preciso emagrecer!" em seguida todas nós constatávamos o mesmo, seguia com algumas dizendo que precisavam consertar o nariz, outra os seios, outra os cabelos e por aí vai. Eu cheguei a pesar 54kg na adolescência, esse foi o  máximo, essa era a época do culote, tive esse peso por pouco tempo, depois emagreci, aos 15 tinha voltando pros 48kg que pesava aos 12 anos, e o peso variava  entre 48kg e 52kg. Não era muito para o meu tamanho, hoje eu sei disso. Se eu sabia disso com 15 anos? Não, eu não sabia. Eu ouvia que eu era gordinha, que eu tinha que passar o creme tal que queimava as gordurinhas, que não seria muito difícil pra mim, mas que se eu me esforçasse um pouquinho mais ficaria com o corpo perfeito. 
E nessa onda de aceitar tudo isso eu também reclamava no banheiro com as minhas amigas.Em dado momento essa minha melhor amiga começou a se irritar com meus comentários. Tudo começou com leves elogios "Imagina, você tá muito bem assim."... "Guria,você é muito magra!" e esse comentário era seguido de outros feitos pelas outras meninas que também me achavam muito magra, depois de certo tempo meus comentários sobre o quanto eu desgostava do meu corpo começaram a ser seguidos de "Por favor né, Evelyn?!" e "Ai guria,para com isso!" e " Pfff!!"... isso me deixava irritada também,me irritou ao ponto de eu falar "Não é por que você pesa mais, que eu não tenha o que melhorar." Eu lembro disso e acho que não falei isso apenas uma vez, eu também não era uma pessoa esclarecida, nem só vítima de qualquer coisa, eu também gritava e magoava as pessoas. Essa história de não poder reclamar de mim na hora do espelho durou mais ou menos um ano, isso me chateava muito a ponto de não querer falar com essa amiga o resto do dia, seguiram-se outras brigas relacionadas com o quanto ela me achava fútil e com uma cartinha que foi entregue na aula de inglês com uma lista de coisas que eu precisava mudar para continuar andando com elas.
Em algum momento no meio disso uma outra amiga me contou durante um dos meus desabafos que "A Fulana disse que parece que você faz esse tipo de comentário só para se achar e chamar atenção." Aquilo me fez chorar por uma tarde inteira e me fez tomar uma decisão: Não vou mais reclamar. Eu não precisava reclamar, eu podia guardar aquilo pra mim. Na maior parte das vezes eu conseguia guardar e em outras eu falava, só que me esforçando muito para demonstrar que não estava falando dela, porque obviamente em algum ponto eu achei que a forma como eu falava dava a entender que o que eu desgostava no meu corpo era sobre ela. Então meus comentários começaram a ser mais "Eu só queria tirar esse culote,só isso." 
 Eu já forçava o vômito em algumas ocasiões, raramente, mas fazia. Eu reprovei naquele ano, eu fiquei um tanto depressiva, eu fazia cortes em meu corpo em lugares que eu pudesse esconder, tinha uma outra menina na sala que fazia o mesmo, e nosso grupo sabia disso e as meninas tiravam sarro dela, então eu tinha noção de que ninguém podia saber. Um dia, depois de muitos meses, senti segurança para contar para essa amiga que havia me cortado, ela perguntou se eu estava ficando maluca, me deu uma bronca e me fez prometer que nunca mais ia fazer aquilo, eu prometi. Eu me cortei durante aquele ano inteiro, eu apenas não deixava as pessoas saberem.
Eu mudei de escola e nessa época eu já era bulímica, nessa época eu já não me enganava mais, eu sabia que era. Minha melhor amiga namorava um menino e eles eram o tipo de casal que ficava junto o tempo todo, como eu já nem estudava mais na mesma escola que ela, a distancia aumentou e  o tempo em que a gente conseguia se ver o tal namorado estava junto, então eu já não dividia muita coisa com ela. 
A bulimia era assunto proibido, eu sabia porque obviamente ela ia achar aquilo um absurdo, uma de minhas frescuras, provavelmente me daria uma bronca e me faria prometer que não ia mais fazer. Mantive esse segredo por muito tempo. Nessa nova escola namorei um menino que era um babaca, que reclamava por eu comer pizza no almoço, que dizia que não queria que eu ficasse gorda e que se eu ficasse ele terminaria comigo, falava isso como se fosse uma brincadeira. Isso só piorou, fiquei com um problemão no estômago, eu fazia terapia há 2 anos,mas nunca tinha falado sobre meu transtorno alimentar ou sobre os cortes que eu fazia no corpo. 
Pra mim a bulimia era algo necessário, eu não via como algo grave ou um problema, eu só via como algo proibido, como um segredo que eu tinha. 
A primeira vez que falei sobre isso foi quando mudei novamente de escola, voltando para a antiga, mas aí eu já tinha 18 anos, bulimia há 3 anos e estava tomando medicamentos controlados para depressão e ansiedade que estavam ligados a  muitos outros problemas daquela época e uma estrutura emocional totalmente abalada. 
 Quando falei sobre isso foi pra uma amiga que nem era tão próxima e ela me acolheu, eu me surpreendi.Essa menina disse "Mas porque isso está acontecendo?" e eu menti que acontecia há pouco tempo, que eu ia parar, que era algo idiota e de momento. Ela disse que entendia e que se eu precisasse falar disso ela estava ali. Foi assim que comecei a falar disso, aos poucos, com vergonha, com receio de ser xingada. Todos os outros namorados que tive souberam do meu problema com a bulimia, souberam que era um problema do passado, muitas amigas que tenho hoje sabem disso, falo tranquilamente sobre isso, já passou, mas com a minha melhor amiga, eu nunca consegui falar.
Lendo esse texto parece que ela foi uma amiga muito ruim, mas não foi, por milhares de motivos. Aqui só tem recortes de partes em que ela pode ter errado de alguma forma porque 1º foi oprimida o tempo todo por uma sociedade que exige que a gente passe a vida perseguindo um padrão de beleza impossível de se atingir, rejeitando qualquer outro tipo de corpo e isso não permitiu que ela notasse que era linda, não deixou que ela se amasse, se aceitasse,se resolvesse e por consequência ela não conseguia ouvir que o que eu falava de mim era sobre mim e não sobre ela; 2º porque eu era uma pessoa difícil, eu respondia também, eu errava quando me defendia atacando e magoando ela.
A gente tinha 15 anos e cabeça nenhuma, a gente não sabia ainda que tudo era construído para que odiássemos nosso próprio corpo,não importava como ele era, não interessava se era gordo ou magro. 
Eu cheguei a pesar quase 80 kg, as pessoas tratam pessoas de 80 kg com um desprezo ainda maior, as pessoas te olham, as roupas não servem, você nem quer sair de casa, mas agora quando falo pras minhas amigas que me sinto infeliz com o meu corpo, eu ouço coisas que me colocam pra cima, meu namorado me acha linda e eu sinto que isso não é da boca pra fora, minhas amigas me dizem que meu corpo tem uma historia, que eu tenho que aprender a me amar e em cada conversa vão me ajudando a conseguir isso . Saber disso funciona o tempo todo? Não, as vezes eu quero me esconder, eu choro, eu chego a considerar a bulimia como uma opção, mas hoje os dias mais leves são muito mais frequentes do que quando eu tinha 15 anos, aceitar esse corpo tem sido mais fácil do que foi aceitar o meu corpo de 15 quando eu tinha aquela idade.
Retomo isso depois de tanto tempo porque acho que vez ou outra eu estou resolvida comigo e me amo um pouco mais, retomo porque gostaria muito que minha amiga, depois de toda a história dela e da dor que eu sei que ela vive,  consiga finalmente se amar por mais dias e que o que enfiaram na cabeça dela possa ser elaborado. A gente não elabora nada trancando a sete chaves, a gente só elabora depois de recordar e de repetir quantas vezes for necessário.
Retomo porque me peguei lembrando disso essa semana, tentei falar com ela sobre isso e não consegui, tentei falar que todos os corpos tem suas histórias, suas dores, seus discursos e que devemos respeitar cada um deles e não consegui. Tentei falar pra ela que apesar da sociedade aceitar muito melhor um corpo magro do que um corpo gordo, cada mulher tem uma história de rejeição e ódio por si mesma que pode oprimir quem acabou apanhando mais, esse ódio deve ser desconstruído e a gente não desconstrói o que não pode ser falado, discutido, argumentado,questionado.
O mundo tem que parar sim de olhar com nojo para o corpo gordo, isso é gritante, e nossas amigas devem parar de olhar com nojo para seus corpos independente de como eles são, e se eu puder ser a pessoa que vai ajudar a desconstruir isso,eu quero ser essa pessoa, assim como outras amigas me acolheram e me ajudaram a aceitar o meu corpo e a minha história. 
As vezes a gente se sente oprimido e quer gritar para que parem de fazer isso e temos esse direito, mas as vezes o opressor não sabe que é opressor, as vezes antes de ganhar o título de opressor, essa pessoa é nossa amiga, as vezes essa pessoa está só se permitindo oprimir por toda essa regra social que nos fala do corpo perfeito e a gente tem que saber quando algo é nosso e quando algo é do Outro.
Quando estamos falando de amizade, eu acredito que seja nosso papel impedir que nossas amigas se deixem oprimir por essas exigências absurdas, que  por consequência as tornam reprodutoras desse discurso que nos aprisiona.Não é parando de falar o que se sente que vai resolver isso, eu acredito que seja justamente o contrário, acredito que a gente tem que ter a liberdade de falar como nos sentimos para nossos amigos,justamente para que eles possam nos ajudar, até mesmo quando nem percebemos que precisamos dessa ajuda.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Nasceu uma vadia

Deveriam ter notado assim que nasci, assim que disseram "é uma menina".

A gente sabe e sente durante boa parte da vida. 

Aquele olhar? É o olhar de quem diz "É uma vadia"

Mas não é um olhar que existiu durante toda a vida. Pelo que lembro, começou aos 8 anos, quando aquela menina da 8ª série terminou com o namorado e na semana seguinte estava com outro da mesma sala. Aquela foi a primeira vadia que conheci como tal.

Mal sabia eu que seria vadia um dia, a gente não sabe dessas coisas,não é o tipo de assunto que nossos pais vão abordar, até porque pai e mãe criam fantasias sobre seus rebentos sem considerar que não é função de ninguém dar conta delas. Eles gostam de dizer "A minha filha nunca foi e jamais será uma vadia". Mal sabem eles que esse é o destino de todas nós.

Fui vadia tantas vezes e conheci tantas outras.Não eram minhas amigas, as vadias nunca são nossas amigas.
Algumas gostaram do mesmo garoto que eu, outras não concordaram comigo, algumas foram grosseiras,  foram amigas de namorados e namoradas de amigos. Tem aquela vadia que é servidora pública, aquela que é professora, tem aquela vadia que nem bom dia dá, tem a que dá pra todo mundo e tem aquela que não quer dar. Tem a vadia de roupa curta e também a de saia até o chão, a vadia tímida e a extrovertida. Não se engane com as belas,recatadas e do lar, elas também são como nós, mesmo aquelas que ainda não se deram conta disso.
Existimos de tantas maneiras, com tantas qualidades e defeitos diferentes, mas todas possuem algo em comum, todas já foram vítimas do olhar.
 Aquele olhar, o olhar do outro e principalmente da outra. Aquele olhar que não nasceu com a gente, aquele olhar que nos coloca em uma embalagem feia e rotulada. Esse com o qual olhamos para elas e com o qual nos olham. 

Quando percebemos esse olhar sobre nós, podemos tomar dois caminhos,o primeiro e mais instintivo, é ficar furiosa, é bater o pé e dizer "não aceito esse rótulo aí, pode parar!". E está tudo certo, não tem que aceitar nada que não seja de seu gosto. Mas tem um segundo caminho, que para mim foi mais libertador. Eu abracei minha vadiagem,  está escrito em letras garrafais em minhas testa e conheci muitas outras que fizeram o mesmo, as vadias para as quais entreguei o rótulo, hoje olho com compaixão e uma certa esperança de que tenham seguido o segundo caminho.
 Esse olhar que um dia foi de raiva transformou-se em cumplicidade, tornou-se um olhar de simpatia,  de identificação.

Os homens jamais saberão o que é fazer parte desse clube secreto, no máximo saberão o que é ser nossos filhos, mas isso não transformará seu olhar de raiva em um olhar de simpatia, quem sabe com muito esforço, nos olharão com empatia.

 Tenho muitas amigas que foram,são e serão vadias assim como eu e você. Ser vadia nesse mundo é uma necessidade. As vadias sempre serão aquelas que em dado momento, ou em todo momento, não obedecem as leis sociais. São aquelas que não querem ficar em casa, que querem trabalhar, que não querem casar, que nem pensam em ter filhos, vadias são as que vão para o bar, são as que usam aquele vestido maravilhoso porque sim.São as que cantam, as que dançam, as que falam palavrão, vadias são aquelas que encontram o amor, que encontram verdadeiras amizades, são aquelas que se libertaram, que mesmo cumprindo um papel socialmente aceito, o fazem como escolha e não como obrigação.Ser vadia é poder escolher seu caminho, é poder encarar aquele olhar de raiva de quem diz "É Vadia!" com o sorriso de quem responde "Certamente!".














quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Nem tudo é problema-ou- Nem tudo é só problema.

Ok, problematizar é importante. Mas amigo, não reconhecer os avanços é burrice.

Estou falando da super crítica aos novos modelos da Barbie. Vamos pensar assim, vivemos em uma nação capitalista, seria lindo se fosse de outra forma, mas não é. Eu sou da opinião de que devemos fazer o melhor com o que temos e lutar para melhorar cada vez mais, acho que faz sentido você querer um mundo mais justo,continuemos nesse caminho então.

Mas vamos falar um pouquinho da Barbie e sua mudança. A Barbie fez parte da minha infância e da infância de muita gente mundo a fora, ela moldou nossa cabecinha e criou padrões de beleza inatingíveis.
Uma empresa como a Mattel quando decidiu criar a "Barbie diversidades" obviamente não estava pensando na parte poética e social da coisa, eles não colocaram a mão na consciência depois de todos esses anos e falaram "precisamos de bonecas que representem a realidade", claro que eles não se importam com a responsabilidade social que a Barbie deveria ter. O que importa é o lucro, a Mattel perdeu muito dinheiro nos últimos anos porque ( super felizmente) o mundo está mudando, e as pessoas quando vão comprar uma boneca para suas crianças pensam "quero mesmo que meu rebento brinque com uma boneca esquelética e continue reproduzindo e perseguindo essa ideia de que mulheres perfeitas são como a Barbie?" Graças à essa mudança social a empresa precisou se mexer para continuar lucrando. Ok, nós sabemos disso, é um mundo babaca esse em que vivemos, as pessoas só pensam em dinheiro.

Mas tente fazer esse exercício, vamos pensam nos consumidores desse produto. Porque num mundo ideal a gente ia olhar pra Barbie e falar "Me poupe, isso não é saudável e não é humano." Então iríamos procurar algo mais real,algo que provocasse algum tipo de reflexão em nossos filhos, algo que ensinasse, estimulasse a criatividade e o pensamento crítico. Bacana isso,somos todos pais que pensam nisso na hora de comprar ou confeccionar um brinquedo para nossos filhos e com isso a próxima geração vai ser mais humana, menos racista,machista,homofóbica,etc,etc.

 Aí eu digo,esse sim é um mundo imaginário e eu gostaria de viver nele. A realidade é outra, alguns pais realmente se importam com os tipos de estímulos que seus filhos recebem e querem fazer parte dessa educação para um mundo livre de preconceitos. Mas vamos olhar pra maioria? A maioria dos pais não tem tempo, terceirizam a educação de seus filhos, são ingênuos a ponto de acreditar que a melhor educação que se pode dar é comprando o mundo para essa criança e alguns simplesmente não se importam. É essa a nossa realidade e é com isso que temos que trabalhar.
O que a Mattel fez foi se importar com seu lucro, o que nós vemos é uma boneca que ditou tendencias durante 57 anos, ela infernizou a vida de mulheres durante 57 anos, ela foi machista, foi racista, foi a criatura irreal que serviu como um dos instrumentos responsáveis pela perpetuação da sociedade bizarramente preconceituosa que temos hoje.
Mas o mais importante é que ela está mudando, a Barbie é uma garota que está descobrindo que o mundo é diferente, independente do interesse da marca, a boneca vai ser comprada por uma variedade incrível de pessoas cujos filhos vão se enxergar naquelas bonecas, isso é muito significativo. Esses pais que nunca pensaram na importância da diversidade,vão contribuir,mesmo sem querer, para que essa criança olhe seu próprio corpo de outra forma, como normal e aceito, a Barbie pode sim virar um instrumento para que nós mulheres nos aceitemos mais, para que a gente se ame mais e isso tem que começar na infância.

O mundo está mudando aos poucos e a passos de tartaruga, mas temos que nos agarrar às pequenas esperanças e celebrar essas mudanças. Aos poucos o mundo vai ficando muito mais legal!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Eu não sou obrigada a ser feminista.

Não, eu não sou obrigada. Assim como não sou obrigada a lavar a louça, não sou obrigada a servir meu marido, nem sou obrigada a casar,não sou obrigada a levar desaforo de ninguém por ser mulher, não sou obrigada a concordar com as decisões de homens sobre o que fazer ou deixar de fazer da minha vida. Graças ao feminismo eu não sou obrigada a nada.
Sou feminista por opção, sou feminista porque um dia eu descobri o que era feminismo, descobri que eu acreditava em tudo aquilo, descobri o quanto essa luta me diz respeito e o quanto ela já fez a meu favor sem que eu me desse conta. 
Existem algumas considerações muito importantes a se pensar sobre o porque de uma sociedade ser tão contra o feminismo. Primeiro de tudo devemos entender que não existe uma grande organização com um único chefão ditando regras e dizendo "mulheres são inferiores, trate-as como tal e não deixe com que elas pensem que podem contra nós.". Não gente, não há um único grupo organizado para esse fim, o que está organizado dessa forma é uma sociedade inteira, e não é assim tão simples. (Quase) Ninguém vai dizer claramente que as mulheres são inferiores, que as mulheres merecem menos, não dessa forma, não com essas palavras.E talvez por isso muita gente não perceba que essa regra molda toda a nossa forma de viver e o papel que cada pessoa ocupa no mundo. Os Beatles já diziam que é fácil viver de olhos fechados, sem compreender tudo o que se vê, não é mesmo?

O que acontece é que a sociedade foi organizada em sua essência por homens que acreditavam que o papel da mulher era o de cuidar do lar e dos filhos, esse papel foi muito bem aceito e considerado de muito bom grado pelas senhoras da época, pois mulheres que tinham que trabalhar eram as mulheres pobres, sem um marido para sustentá-las. Acontece que aceitar que alguém lhe sustente nem sempre é um mar de rosas, diria que quase nunca, pois isso significa aceitar que mandem em você, é aceitar muitas vezes que ele chegue bêbado e te espanque, espanque seus filhos, aceitar humilhações, traições, aceitar o homem do jeito que ele é, afinal ele pagava para ser aceito do jeito que era. Imagine que não existe outra opção, essa mulher não tinha como deixar essa relação abusiva porque ninguém achava isso abusivo, um homem que batia em sua esposa estava apenas a educando. Imagine que a mulher não tinha voz pra nada, não votava, não decidia sobre suas roupas, seu casamento, sua educação, sua vida. Imagine que isso não é uma lenda que contam para nos assustar e ficarmos felizes por termos nascido em outra época. 

Ok, já pintei o pior cenário possível, mas para que pensar nisso? Afinal não vivemos nessa época mesmo, né?!Hoje em dia não existem mulheres que apanham de seus maridos e permanecem no casamento por não terem como se sustentar, para onde ir ou com quem contar. Não,não, isso tudo é lenda, coisa do passado, hoje em dia todo mundo recebe o mesmo respeito.
Gente a lei Maria da Penha é de 2006, vocês conseguem compreender o quanto isso é recente? Antes 2006 era feio bater em mulher, mas ah, paga uma cesta básica aí e tá tudo certo.
Você entendem que mesmo transformando em Lei ainda é muito difícil fazer com que ela se cumpra?

Mas então me diz uma coisa moça, que não é obrigada a ser feminista (Ufa né?), e que anda por aí arrotando de peito estufado que não precisa do feminismo, já parou pra pesquisar quais foram as conquistas das lutas feministas? Você ficaria horrorizada ao saber a quantidade de coisas que você só pode fazer hoje em dia porque uma mulher no passado levantou e disse "opa, mas peraí, se homens não são obrigados a isso,por que eu sou?"E aí lutou-se anos e anos por cada pequeno detalhe. Se hoje você julga besteira a gente se importar com piadas machistas é porque não pensou no porquê delas serem contadas. Se você diz para uma criança que mulheres dirigem mal porque são mulheres essa criança vai ficar com medo sempre que vir uma mulher no trânsito, até ela entender que aquilo era só pra ser engraçado,ela já espalhou isso pra todo mundo e perpetuou essa ideia. Já pensou sobre como nasce esse tipo de coisa? Já pensou que o pequeno detalhe sem importância é o que mantém a mulher sendo subestimada e em posição inferior? Como disse antes, ninguém vai te falar claramente que mulheres são menos importantes, apenas não vão te deixar opinar numa reunião da empresa, ou não vão se importar com suas opiniões, apenas vão fazer piadinhas mandando você pra cozinha, onde é o seu lugar, você apenas vai ganhar menos que o homem ocupando o mesmo cargo numa mesma empresa, em uma discussão você vai ouvir como argumento que "só podia ser mulher mesmo", nas festas de fim de ano e almoços de domingo as mulheres estão na cozinha fazendo o serviço enquanto os homens assistem futebol na televisão. E estou falando de coisas que vivemos todos os dias, existem situações piores.

E aí a menina passa na rua e todo mundo mexe, "ô gostosa", "que delícia", "imagina lá em casa"...tem porque ficar ofendida? São apenas homens se expressando, eles não vão realmente fazer alguma coisa né, são só palavras. 
 Não minha cara, não são "só palavras", se há algo importante para se aprender nessa vida é que palavras são poderosas. Elas podem causar a ferida mais profunda e também podem curá-la. As palavras são a nossa forma de colocar pra fora tudo o que está aqui dentro. E as palavras desses homens podem ser apenas uma brincadeirinha entre eles, pra mostrarem pro grupo de idiotas em volta o quão "legais" eles são por gritarem com aquela mulher. Tudo bem, quem sou eu para julgar o significado dessa brincadeira para aquele homem que a fez? Mas se você pensa realmente assim, então quem é você para julgar o sentimento daquela garota ao ouvir tais palavras? 

Quem esse homem pensa que é para me chamar de delícia, de gostosa e imaginar como seria se eu estivesse na casa dele? Isso é invasivo e isso tem que parar! Ou você acredita que errada é a mulher por sair na rua?  Toda vez que eu leio  "cantadas de rua não deveriam te incomodar" me parece que estão falando "vc devia se trancar em casa, assim não teria que se sentir mal com alguém mexendo com você". Porque erradas somos nós por acharmos que temos direito sobre nosso corpo, o outro pode escarrar suas perversidades a vontade em nossos ouvidos e nossa obrigação como mulher é achar isso normal. 

Meu filho, se quando você sai na rua sente essa necessidade incontrolável de gritar obscenidades para as mulheres que passam na sua frente, você precisa se tratar.

Mas vamos para outro ponto importante do feminismo, você não é obrigada a nada por ser mulher. O feminismo fala sobre igualdade, mas em todo movimento existe uma parte radical, no feminismo também existe e acho mesmo que esse radicalismo é impensado, mas isso é papo para outra hora.

Você não é obrigada a parar de depilar os pelos do sovaco, mas é importante que você saiba que não é obrigada a depilá-los e que essa coisa de "mulher sem pelos" é sim uma imposição absurda, porque somente crianças não tem pelos.Você considera normal se depilar porque foi ensinada que é normal, mas como tudo na vida, é importante saber de onde veio essa ideia. Se depois de pensar e entender que ninguém é obrigado a se depilar, e ainda assim você se sente mais feliz,mais livre, mais qualquer coisa sem os pelos vai lá e se depile!
 É importante você entender que o corpo é seu e as regras são suas, isso serve pra tudo, não só para questões mais sérias como o aborto, mas para questões menores, mas que dizem respeito a nossa identidade, como depilação,maquiagem,salto alto, roupas...enfim. Eu acho que a parte do movimento que resolve cagar regra na cabeça das mulheres dizendo que elas não devem fazer qualquer coisa com seus corpos está exercendo o mesmo papel do homem machista na vida dessa mulher. Não importa se você julga suas intenções como as melhores do mundo, dizer para uma mulher como ela deve cuidar do próprio corpo e da própria vida é algo inaceitável. 

Enfim, isso tudo para dizer que faz sentido os homens serem contra o feminismo, afinal o machismo não os incomoda. Mas quando vejo que mulheres são contra, isso me assusta, pois acho que o movimento está pecando em algum ponto e realmente acho que é o da informação. Você só desconstrói o machismo que existe dentro de você entendendo que não é lenda, e que algumas vezes você fica incomodada em certas situações, não entende o porquê e se pergunta "eu estou errada? Eu não devia usar essa roupa? Eu não devia ter transado no primeiro encontro?" Quando isso acontecer, pense bem pra ver se isso não está acontecendo por você ser mulher, imagina se aconteceria o mesmo se você fosse homem e aí pensa se essa posição é suficiente pra sua vida. 

Nenhuma mulher é obrigada a ser feminista, mas se depois de toda a análise que fizer da sociedade você ainda achar que não quer se incomodar com essa luta, então por favor, não atrapalhe. 











sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

O livro negro do rato no divã.

A minha avó faz uma torta salgada que é muito boa, vai carne moída na receita, a minha mãe faz a mesma torta, mas no lugar da carne moída ela prefere colocar salsicha. Eu como as duas e ambas são ótimas, eu prefiro a de carne moída, meu tio prefere a de salsicha, mas as duas são gostosas, as duas alimentam e as duas conquistam pessoas em festinhas.

Quando se entra no curso de psicologia sem saber muito bem como funciona você começa com uma cabeça boa, no lugar, aquela sensação de que tudo o que se aprende é útil...Bem, ao final já se sabe que nem tudo vai ser útil, que existem professores que não deveriam passar o que julgam saber pra frente e que o tempo de uma vida não é suficiente para aprender tudo sobre a psique humana. Mas tudo bem, acho fascinante o não saber, mais até do que o saber absoluto, pessoas que sabem com toda a certeza do mundo sobre algo podem surtar quando descobrirem que na verdade mesmo elas não sabem de nada. "You know nothing Jon Snow."

Em dado momento, ali pela primeira semana de aula você descobre que existem diferentes linhas para analisar a psique e o comportamento humano, conhece Freud, Skinner, Jung, Moreno e por aí vai. E na sua ingenuidade de recém saído das fraldas do ensino médio pode até pensar "Uau! Que incrível é o ser humano, ele é tão complexo que não existe uma só forma de compreendê-lo." Mas amiguinho, não seja tolo, eles vão cozinhar seu cérebro numa panela de mesquinharias e arrogância. 

Você aprende que a abordagem do professor Fulano é melhor que a abordagem do professor Beltrano e vice-versa. É realmente uma encheção de saco, as piadas com as outras abordagens, os argumentos imbecis como "Nós conseguimos reproduzir em laboratório, eles não", a pressão para que você escolha logo o seu time para que se torne um defensor estúpido e cego das idéias de alguém que já morreu há muito tempo,é preciso ter uma certa astúcia para entender que opiniões são apenas opiniões.
 Tendo passado maior parte da vida acadêmica no time dos behavioristas e me apaixonado pela psicanálise tardiamente, estive no meio da briga entre as duas maiores rivais, e quando penso em quanto gosto das duas e reconheço ambas como opções válidas no tratamento de sofrimentos e questões humanas diversas, percebo que para estudantes de psicologia estamos nos fechando demais somente para dizer que minha torta é melhor que a sua. Quando nos deparamos com os resultados entendemos que todas funcionam, a questão principal é pra quem vai funcionar, tem que ser uma aceitação mútua da abordagem. Não é só o psicólogo que deve se encontrar em sua linha teórica, mas o paciente também deve se encontrar nela.


Outra coisa que invalidamos são os benefícios que práticas não científicas podem trazer à psique. Uma coisa é você não poder utilizar técnicas e abordagens não reconhecidas pelo CFP para psicoterapia, com isso eu concordo,afinal escolhemos a psicologia como profissão e devemos fazer  isso com conhecimento científico e ética,   outra coisa bem diferente é você invalidar, desdenhar e não reconhecer que muitas práticas além da psicoterapia podem sim trazer paz, auto conhecimento e acalmar o sofrimento humano. 
Tomar como base suas crenças pra dizer que é errado alguém preferir praticar um esporte, ir à igreja, meditar, ler ou escrever no lugar de fazer psicoterapia é no mínimo ignorante.Claro que a psicoterapia tem um foco diferente, mas empurrá-la goela abaixo é irresponsável, julgar que é a única verdade e a única forma de resolver suas questões é se manter em um quadrado e se igualar aos preconceituosos que queremos combater. É difícil acreditar em sua luta quando você dissemina preconceitos e forma grupinhos de certos e errados dentro da própria classe profissional.






terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Sobre Expressões Faciais e Entonação

Me falaram que era bom, me disseram "Você vai gostar", me incentivaram durante quase um ano, eu li muito a respeito, meu namorado quis e eu topei.

 Assisti Boyhood.  Veja bem, o filme foi super premiado, a ideia de filmar por 12 anos, sem mudar os atores e escondido de todos é bem bacana. Mas foda-se tudo isso, porque o que importa mesmo é o que eu penso, e eu penso que ao longo dessas mil horas de filme um sentimento gigantesco tomou conta de todo meu ser e  não se chama amor, se chama tédio.

Primeiro a queridíssima Patricia Arquette (que deve ser uma pessoa incrível,mas uma atriz que teve sua melhor performance no clipe Like a Rolling Stone) tem aquela queda por cafajestes, apanha do marido e passa por alguns minutos de passividade escarrada, que parece que durou anos. Tudo ok, fiquei com raiva da personagem "Como assim, você sai e deixa seus filhos com esse bêbado maldito???" estava tudo certo, o filme tirou alguma emoção de mim, a passividade dela me irritou, a falta de energia para viver, a falta de expressão facial, tudo fazia sentido aí, fala sobre a realidade de algumas mulheres. Então ela volta, pega os filhos, vai-se embora e acaba aí...filme rola ladeira abaixo.

Ninguém no filme tem expressão facial, Patrícia não tem em filme algum, os outros resolveram acompanhar. Entonação? Somente os personagens secundários pareciam saber o que era isso, todos os diálogos no mesmo tom. Para que servem as sobrancelhas? Palavrões, que adolescente não fala palavrão? Faz sexo, fuma maconha, mas não fala palavrão...¬ ¬

Fiquei triste pq ainda faltavam 2 horas de filme e eu queria mesmo entender o porquê de tanta gente ter gostado, eu sou bem Maria-vai-com-as-outras, eu costumo gostar de filmes aclamados pela crítica, eu sou esse tipo de gente mesmo, detestar Boyhood foi uma surpresa.

O tédio me atingiu de tal forma  que eu dizia para Pedro "Alguém vai morrer, morre gente na vida de todo mundo.", "alguém vai engravidar", "alguém vai... alguém vai!!".Tinha que acontecer alguma coisa,mas não aconteceu. E aí leio e ouço coisas como "retrata a vida comum" e "sem grandes acontecimentos, é um filme que fala da vida como ela é, "... Mas não, ele não fala! Porque acontecem coisas  na vida de todo mundo, como ter o primeiro namoradinho no colégio, ir naquela festa, tirar uma nota baixa ou alta naquela prova...Isso é vida comum, mas cada uma dessas experiências causam emoções diversas, sua primeira vez não surge ali quando a colega de quarto da sua irmã te pega acordando na manhã seguinte. Existiu um antes,um durante e um depois, ela foi emocionante,cheia de expectativas, ou não, vai ver você só estava bêbada,mas pelo menos sentiu vontade, porque sem isso não seria sexo,seria outra coisa. Fazer mestrado não é algo que se faz estralando os dedos, você não passa pela vida de forma apática.

Sua vida pode não ser algo extraordinário, Patrick Swayze não te ensinou a dançar escondida em suas férias familiares, seu carro nunca quebrou na frente da mansão de um cientista transsexual de outro planeta que canta e dança, Darth Vader não é seu pai e você não costuma tomar seu café da manhã em frente à vitrine da Tiffany, mas não é por isso que você não vai reagir aos pequenos momentos.

Por isso não gostei de Boyhood, não fala sobre a vida, a vida tem sobrancelhas, tem gritos, tem gargalhadas gostosas e muito choro.
Faltou tesão.


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Just Breathe

Eu só preciso respirar...

Esse é o primeiro pensamento que me vem à cabeça todas as manhãs em que eu acordo e percebo que estou nessa casa, é a última coisa em que penso antes de telefonar para alguém, a principal coisa em que penso quando gritam comigo ou fazem com que eu me sinta realmente mal.
Respirar é fácil, é a primeira coisa que fazemos ao nascer.Respirar é essencial, é invisível aos olhos, lembra?
Respirar fundo, contar até três e soltar, isso significa controle, quando você o perde o coração acelera, você hiperventila, treme, chora e acha que vai morrer...ou pior, acha que deveria mesmo morrer.
 Eu só preciso respirar, mais um segundo, um minuto, um dia...
Respirar não é fácil, pergunte ao Darth Vader...às vezes parece que o ar sumiu, parece que existe algo entalado na garganta obstruindo sua passagem...às vezes respirar é a coisa mais difícil que fazemos na vida.