terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Sobre Expressões Faciais e Entonação

Me falaram que era bom, me disseram "Você vai gostar", me incentivaram durante quase um ano, eu li muito a respeito, meu namorado quis e eu topei.

 Assisti Boyhood.  Veja bem, o filme foi super premiado, a ideia de filmar por 12 anos, sem mudar os atores e escondido de todos é bem bacana. Mas foda-se tudo isso, porque o que importa mesmo é o que eu penso, e eu penso que ao longo dessas mil horas de filme um sentimento gigantesco tomou conta de todo meu ser e  não se chama amor, se chama tédio.

Primeiro a queridíssima Patricia Arquette (que deve ser uma pessoa incrível,mas uma atriz que teve sua melhor performance no clipe Like a Rolling Stone) tem aquela queda por cafajestes, apanha do marido e passa por alguns minutos de passividade escarrada, que parece que durou anos. Tudo ok, fiquei com raiva da personagem "Como assim, você sai e deixa seus filhos com esse bêbado maldito???" estava tudo certo, o filme tirou alguma emoção de mim, a passividade dela me irritou, a falta de energia para viver, a falta de expressão facial, tudo fazia sentido aí, fala sobre a realidade de algumas mulheres. Então ela volta, pega os filhos, vai-se embora e acaba aí...filme rola ladeira abaixo.

Ninguém no filme tem expressão facial, Patrícia não tem em filme algum, os outros resolveram acompanhar. Entonação? Somente os personagens secundários pareciam saber o que era isso, todos os diálogos no mesmo tom. Para que servem as sobrancelhas? Palavrões, que adolescente não fala palavrão? Faz sexo, fuma maconha, mas não fala palavrão...¬ ¬

Fiquei triste pq ainda faltavam 2 horas de filme e eu queria mesmo entender o porquê de tanta gente ter gostado, eu sou bem Maria-vai-com-as-outras, eu costumo gostar de filmes aclamados pela crítica, eu sou esse tipo de gente mesmo, detestar Boyhood foi uma surpresa.

O tédio me atingiu de tal forma  que eu dizia para Pedro "Alguém vai morrer, morre gente na vida de todo mundo.", "alguém vai engravidar", "alguém vai... alguém vai!!".Tinha que acontecer alguma coisa,mas não aconteceu. E aí leio e ouço coisas como "retrata a vida comum" e "sem grandes acontecimentos, é um filme que fala da vida como ela é, "... Mas não, ele não fala! Porque acontecem coisas  na vida de todo mundo, como ter o primeiro namoradinho no colégio, ir naquela festa, tirar uma nota baixa ou alta naquela prova...Isso é vida comum, mas cada uma dessas experiências causam emoções diversas, sua primeira vez não surge ali quando a colega de quarto da sua irmã te pega acordando na manhã seguinte. Existiu um antes,um durante e um depois, ela foi emocionante,cheia de expectativas, ou não, vai ver você só estava bêbada,mas pelo menos sentiu vontade, porque sem isso não seria sexo,seria outra coisa. Fazer mestrado não é algo que se faz estralando os dedos, você não passa pela vida de forma apática.

Sua vida pode não ser algo extraordinário, Patrick Swayze não te ensinou a dançar escondida em suas férias familiares, seu carro nunca quebrou na frente da mansão de um cientista transsexual de outro planeta que canta e dança, Darth Vader não é seu pai e você não costuma tomar seu café da manhã em frente à vitrine da Tiffany, mas não é por isso que você não vai reagir aos pequenos momentos.

Por isso não gostei de Boyhood, não fala sobre a vida, a vida tem sobrancelhas, tem gritos, tem gargalhadas gostosas e muito choro.
Faltou tesão.


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